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Amiga Silenciosa

Nos encontramos pela primeira vez há alguns meses atrás. Sem dar muita bola um para o outro, imaginávamos que um dos dois logo sumiria, como de costume. Mas isso não aconteceu; com o tempo, acostumamos com a presença um do outro.

Nos encontrávamos praticamente todos os dias, pois inevitavelmente frequentaríamos o mesmo lugar. Ela estava sempre no mesmo canto, sozinha, apenas variando suavemente de posição. Sabiamente isolava-se de uma forma que eu não podia toca-la, ao menos sem sair da minha própria rotina. Poucas vezes chegamos próximo o suficiente para um contato; e nestas raras ocasiões eu apenas cuidava para não perturba-la. Nunca trocamos uma palavra sequer.

O tempo continuou a passar e o que era apenas uma familiaridade passou a se tornar uma espécie de respeito mútuo. Cuidávamos um do outro, cada um a sua maneira. De tempos em tempos eu a procurava com os olhos e me tranquilizava toda vez que a encontrava, quieta e sozinha, no seu canto habitual. Mesmo sem jamais termos diretamente direcionado nossas ações um ao outro, nos relacionávamos.

Este ser com que convivi durante os últimos meses era uma frágil aranha, de pernas finas e compridas, que elegeu o canto do meu quarto onde guardo algumas tralhas como seu lar. Sem nunca causar nenhum tipo de transtorno (a pouquíssima sujeira era concentrada em um ponto bastante específico), alimentava-se dos insetos voadores que estão sempre a zunir e incomodar, fazendo-me grande favor. Por isso tomava todos os cuidados para não afasta-la de lá. Eu gostava dela.

Porém hoje a nossa rotina foi perturbada. Ansioso com o sol que não se revelava há dias, resolvi abrir a janela do quarto logo após acordar. Evento raro, pois sequer costumo abrir esta janela, ainda mais durante a semana. Suponho que tamanha claridade em um momento tão incomum tenha afetado a aranha, que resolveu esconder-se em um ambiente que julgou mais acolhedor naquela hora: o banheiro.

Pois quando retornei do trabalho e fui tomar um banho, lá estava ela ela, presa no box junto comigo, desesperada com tanta água. Tentei remove-la para um lugar mais seco, mas ela orgulhosamente rejeitou minhas ofertas de ajuda. Por fim, após uma sequência de más decisões, acabou cedendo naquele ambiente que subitamente tornara-se tão inóspito.

Assim perdi uma discreta companheira, pela qual estranhamente me vi apegado. Não sei bem porque resolvi escrever este texto, se em memória da minha amiga silenciosa, ou se pela perplexidade que fiquei ao me sentir triste depois de me dar conta de que ela não estará mais naquele canto que eu já havia atribuído a ela. É curioso como os sentimentos e relações são tão mais sutis do que julgamos.

Pensamentos aleatórios sobre a vida, a felicidade e a solidão

Ultimamente meu desprezo pela TV tem chegado ao ponto de não querer mais liga-la. Não estou a fim de ler nem jogar e o MSN é sempre o mesmo do mesmo. A única coisa que não dispenso é a música. Em uma noite quente de primavera eu pego uma Heineken da geladeira. A última Stella estava congelada. Olhando para o horizonte sobre a cidade em uma noite estrelada eu me ponho mais uma vez a refletir.

A vida é incrível e nem sempre nos damos conta disso. Mesmo sendo jovem, é revigorante pensar nas dificuldades que superamos, os amores e amigos que conquistamos e também os que perdemos. Pessoas que o influenciaram e as que influenciou. Que grandes conquistas tivemos e quantas outras ainda temos para realizar. Ao ver nosso presente através de um ponto de vista mais amplo, até mesmo os problemas que estamos enfrentando tornam-se uma inspiração. Podemos vislumbrar os objetivos que ainda temos que traçar para continuar com uma vida excitante.

Momentos como esse são a fonte da minha sanidade, pois me ajudam a descobrir de onde vim, onde estou, onde quero chegar e qual deve ser o meu próximo passo. Mas ao mesmo tempo são a fonte da minha loucura, pois percebo que a vida não possui uma regra. Os dogmas e padrões estabelecidos pelo senso comum são superficiais e transitórios. A felicidade é subjetiva e, principalmente, intangível. Sinto que erra aquele que a tem como meta, que acredita que irá conquista-la ao atingir determinado objetivo, conforme muitas vezes é prometido por alguma convenção social. A felicidade é intangível porque não é algo que será alcançado de fora, ela deve vir de dentro. A significativa diferença está em um detalhe sutil: não trata-se de ter, mas sim, de ser. O autoconhecimento, atingido através da reflexão, posicionando-se em um ponto do tempo-espaço da história da nossa vida, serve como força de ignição para meu bem-estar.

Quando ocupamos nossas mentes com qualquer banalidade que nos oferecem, temedo o sentimento de solidão e tédio, somos afastados do autoconhecimento que precisamos. As nossas mentes são gradativamente esvaziadas de conteúdo próprio, deixando-nos viciados no conteúdo fútil entregado. Funciona como uma droga que nos degrada a cada dia, preenchendo apenas os bolsos de quem lucra com a nossa ignorância.

Encarar a solidão e ficar confortável ao estar apenas comigo mesmo é tão necessário para o equilíbrio da vida como trabalhar ou ter amigos. Assim como entender que ninguém poderá dizer o que fará sentir-me bem, muito menos uma propaganda da Coca-cola. Prender-se a paradigmas é limitar o espaço em que poderei desenvolver minha felicidade, onde muitas vezes o terreno mais fértil está além das barreiras sutis, impostas até por mim mesmo. Portanto, superar meus limites é um desafio que tento encarar a cada dia.

Com isso eu não estou dizendo que você deva defenestrar sua TV e ir para um templo zen-budista. Até hoje nenhum radicalismo me provou ser saudável. Sugiro apenas que, se já não o faz, dedique sem medo um tempo sozinho e sem nenhuma distração para seus pensamentos, como TV ou Orkut. Ao procurar por distração, busque também os conteúdos, pessoas e ideias fascinantes que estão espalhados por aí em livros que não são best-sellers, filmes que não vão para o cinema, músicas que não tocam na rádio e ideias que não são proferidas por pessoas populares. Que a partir desses variados pontos de vista reflita e construa as suas próprias ideias, alimentando-as com humildade. E que ao mesmo tempo não esqueça de compartilha-las.

Domesticando humanos

Seguindo a recomendação do Seth Godin, fui escutar um podcast do Radiolab com o título de New Normal?. Este podcast, dividido em três partes, tem um início e um fim muito interessante. Todo o episodio é construído sobre o questionamento do jeito que nós somos hoje ter possibilidade de ser diferente no futuro. E para ilustrar isso, eles fazem a seguinte pergunta nas ruas: algum dia, nós iremos parar de lutar guerras?

O que obtiveram como resposta foi o que todos esperávamos. Nove a cada dez entrevistados responderam com um decidido não. O argumento? Simplesmente essa é a natureza humana. Talvez seja, mas será que isso significa que é imutável? Jad Abumrad e Robert Krulwich trazem três exemplos que mostram que comportamentos dados como certos e previsíveis as vezes podem mudar. Primeiro falam de um grupo de babuínos, que ao perderem os machos alfa criaram uma sociedade pacífica que se mantém por mais de 20 anos, o que é surpreendente pois são animais conhecidamente violentos. O segundo exemplo é de uma cidadezinha norte-americana pequena e conservadora eleger um prefeito transexual e espontaneamente defende-lo ao sofrerem com protestos de pessoas vindas de fora da cidade. Por fim, o terceiro e mais interessante exemplo é sobre um geneticista soviético que começou a domesticar raposas.

Após 10 anos seletivamente cruzando as raposas, Dmitri Belyaev conseguiu torna-las tão dóceis quanto um filhote de cachorro. O método escolhido por Dmitri era permitir
que as raposas jovens que não demonstravam medo da sua presença fossem utilizadas para reprodução, enquanto as que demonstravam medo eram utilizadas para a produção de pele. Porém, após estes 10 anos, ele notou que as raposas não estavam apenas mais dóceis, mas também sofreram mutações físicas. Seus dentes ficaram menores, os ossos mais finos e as orelhas caídas, além de algumas outras alterações. Ninguém sabe ao certo o que causou essas modificações, mas uma das hipóteses é a de que a mesma célula que, durante a fase embrionária, é responsável por criar a resposta ao medo, é também responsável por estas outras características.

Com isso, um cientista de Harvard chamado Richard Wrangham, sugere que os humanos estejam sofrendo uma domesticação semelhante. Ao nos compararmos com outras espécies de hominídeos, nos destacamos pelo tamanho menor dos dentes. Além disso, a forma como nos unimos em sociedade desfavorece o comportamento violento, pois a violência nos afasta dos outros, enquanto que em grupo podemos ser muito mais fortes e prósperos. Isto faria com que pessoas com tendências violentas sejam cada vez menos propensas a conseguirem reproduzir, conduzindo a humanidade para sociedades progressivamente mais pacíficas.

Tudo isso é apenas teoria e hipóteses não comprovadas, mas não deixam de fazer sentido. Agora eu me pergunto se essa facilidade de comunicação e de troca de conhecimento a nível mundial que temos hoje não poderia contribuir para elevar essa condição de indivíduos para grupos ou nações inteiras e então acelerar esse silencioso processo de pacificação? Até algumas horas atrás eu estaria entre os 90% que responderam negativamente à pergunta do início desse texto, mas agora eu já não tenho certeza. Talvez haja esperança.

A próxima revolução será brasileira

Olhando para trás, na história, nunca fomos estáticos. O progresso e a transformação são inerentes ao ser humano. Por isso não é surpreendente que durante a nossa história, tivemos várias formas de governos e organizações sociais. Teocracias, monarquias, parlamentarismo, ditaduras, fascismo, comunismo e a democracia representativa são alguns deles.

O que todas essas formas de governo têm em comum é que cada uma teve um período em que várias nações adotaram simultaneamente. Apesar de umas terem provado serem melhores do que as outras, nenhuma provou ser definitiva. Atualmente, a democracia representativa é forma predominante e, especialmente durante um período pós-ditaduras, foi considerado um modelo ideal pelo povo que vive nela.

A realidade hoje começa a mudar, pois os problema da democracia representativa começam a ficar aparentes. A confiança em políticos está caindo no mundo todo. Para provar isto, recomendo um exercício rápido: use o tradutor do google para traduzir as palavras político, baixa e confiança para qualquer língua e depois faça uma busca com as palavras referentes a político e confiança. Agora conte a frequência que a palavra referente a baixa, ou alguma variação dela, aparece nos títulos. No Brasil, o nível de confiança é tão baixo que a própria palavra política já perdeu o seu sentido. Tudo que é associado a essa palavra perde valor. Está chegando a hora de tentarmos um sistema novo.

O Brasil está se tornando um dos terrenos mais férteis no cenário mundial para que um novo sistema de governo seja implantado. O primeiro argumento para defender esta visão é a própria falta de confiança nos políticos, que predomina com razão na opinião brasileira. Esta falta de confiança estimula que o povo apóie qualquer iniciativa plausível de alterar o sistema político.

Além disso, o Brasil é um país com uma maioria jovem, que hoje estão se tornando uma maioria adulta. Esta nova geração que está começando a assumir a produção do Brasil é a mesma geração digital, que chega com valores e idéias diferentes. É, principalmente, uma geração conectada. Isto permite que aprendam, que se comuniquem e se organizem de uma maneira nunca vista antes.

O Brasil é também um país com uma estrutura política estável e internacionalmente respeitada. Como o recente caso Honduras provou, o Brasil começa a gradualmente aceitar menos a influência estrangeira direta (representada especialmente pelos E.U.A.) e ao mesmo tempo começa a se impor no cenário mundial, exigindo posições na O.N.U. e em negociações do G8 dignos de sua grandeza. Apesar de parecer contraditório, essa estabilidade é uma vantagem pois permite que uma revolução seja feita pacífica e gradualmente, o que seria algo inédito, já que até então todas as grandes mudanças foram armadas. Também, ao contrário de países como o Irã, que estão passando por crises políticas, no Brasil temos algo concreto (e, pode-se dizer também, estático) para mudar, o que acaba sendo outra vantagem. Por fim, este bom momento brasileiro, premiado com a vinda das Olimpíadas, aumenta a auto-estima do povo, fazendo com que acredite no país e que sinta-se motivado para transforma-lo em algo ainda melhor.

Se você, assim como eu, acredita em um país melhor, não perca tempo, pois a revolução já começou. Coletivos estão se formando e as pessoas estão agindo. Alguns exemplos são o projeto Esfera, que promoveram o Transparência Hackday; o Parlamento Aberto e o Congresso Aberto, que buscam aumentar a transparência política; e o Partido Pirata Brasileiro, que está começando a se organizar aqui no país para trazer a política para a era da internet. Todos estes projetos estão abertos a sua participação, e um bom começo é entrar nas listas de email que você encontra nos sites. Pense em como você pode ajudar na sua cidade ou no seu bairro. Que tal começar a mudar as coisas?

Blogs não são sinônimo de amadorismo

Acabo de ler esta notícia do The Business Insider (via @dtapscott) com o título Obama: We Need To Bail Out Newspapers Or Blogs Will Run The World. Em resumo, o Obama quer injetar dinheiro do governo nos jornais tradicionais, pois prevê que sem este apoio os blogs irão tomar conta e teme que o “amadorismo” dos blogs possam prejudicar a qualidade das informações.

Esse discurso de medo, encabeçado hoje principalmente por Andrew Keen, a uma suposta má qualidade dos materiais disponibilizados em blogs não soa nada além de uma tática de FUD. É óbvio e natural que, com a facilidade oferecida pelos blogs para que qualquer um seja um jornalista ou divulgue suas idéias para todo o mundo, muitas das informações disponibilizadas sejam duvidosas e/ou superficiais. Mas é absurdo simplesmente determinar que um conteúdo é superficial e amador apenas por estar em um formato de blog.

Como no nosso dia-a-dia, não confiamos em qualquer coisa que nos falam. Sabemos que há muitos mentirosos por aí, com diversos motivos para mentirem. Somos inteligentes o suficiente para discernir entre um conteúdo apresentado por alguém que verificou os fatos antes, do que alguém que simplesmente joga a informação sem ter certeza do que está falando. O fato de existerem uma massa enorme de blogs que não acrescentam valor ou simplesmente não são confiáveis não deve prejudicar o modelo.

O que acontece é uma seleção natural das minhas fontes de informação. Estou constantemente adicionando novas fontes de RSS de blogs de pessoas com ideias interessantes e ao mesmo tempo removendo alguns que provaram não serem confiáveis ou que não agregam nenhum valor à informação.

Apesar do enfraquecimento do modelo impresso, não dá para dizer que ele morreu. Os dois modelos devem co-existir e atingirem nichos e objetivos diferentes. O que precisa acontecer é uma adaptação dos jornais a esta nova realidade que vem se construíndo. Um bom exemplo disso é o reposicionamento de ninguém menos do que o New York Times, conforme noticiado pelo Tiago Dória com o post O jornal que não é mais jornal. Por outro lado, os jornais brasileiros Folha Online e O Globo servem como mau exemplo, ao tentar enrigecer os seus jornalistas contra as tendências na Internet, conforme noticiado pela Info.

Concluíndo, os blogs são sim uma ótima fonte de informações confiáveis e adaptadas ao nível de cada leitor. Eu já uso blogs e twitter como principal fonte de informação e me sinto tão bem ou melhor informado do que se utilizasse apenas o jornal impresso. Ainda vejo muito espaço para blogs e jornalistas profissionais e independetes crescerem. O que falta apenas é aceitar e testar este novo modelo. Não há nenhum meio melhor de provar isto do que adotando os blogs como fonte de informação.

Fazer Acontecer

fazer_acontecer

Esta é a arte
de saber se virar e de
inventar soluções
Diferente do que eu sempre ouço dizer,
atitude pra mim é fazer acontecer

Autoramas – Fazer Acontecer

Uma das melhores sensações que alguém pode sentir é a satisfação de conquistar um objetivo. Este é um sentimento viciante. Quem sente pela primeira vez o prazer da vitória, imediatamente começa a buscar um novo objetivo para conquistar.

Para realizar estas conquistas é preciso oportunidades, mas dizem que o cavalo encilhado passa só uma vez. Para quem espera que ele passe, talvez isso seja verdade. Mas existem pessoas que não esperam o cavalo encilhado aparecer. Há pessoas que encilham o cavalo, que saem campo a fora e laçam o próprio cavalo. Essas pessoas não se preocupam quando a oportunidade vai aparecer, mas como vão fazer ela aparecer.

A arte de fazer acontecer é uma característica de muitos líderes, assim como a iniciativa. Mas de onde surgem essas características em uma pessoa? Quando alguém acredita realmente em um mundo diferente, em uma nova idéia, a ponto de lutar por ela e ignorar o que os outros possam achar dele, então está desenvolvendo essas características. Esse alguém tem uma paixão. Fazer algo motivado pela paixão constrói oportunidades e cria líderes.

Muita coisa pode ser mudada para melhor. O que você está fazendo para que isso aconteça? Conhecer pessoas que já estão fazendo algo pode ser estimulante. Então eu o convido a participar do Cultura Digital, uma rede social criada pelo Ministério da Cultura onde poderá conhecer mais pessoas que estão dispostas a fazer acontecer.

O que gostaria de mudar? Quais são seus sonhos? Pelo que mais acredita que vale a pena lutar? Quais são as suas paixões? Coloque nos comentários. Siga a sua paixão e torne-se um líder.

Em busca dos Heróis

herois

O impacto que a cultura e os exemplos causam sobre nós e, por consequência, a sociedade como um todo é indiscutível. Já percebeu como os filmes e histórias norte americanas enaltecem os grandes feitos da sua nação e seus grandes personagens? Acham que o fato de os E.U.A serem o país mais poderoso do mundo é apenas uma coincidência? Não é uma consequência direta, mas sem dúvida influencia.

Pensando nisso eu comecei a me perguntar quem são os grandes heróis brasileiros. Em uma rápida pesquisa no Google pelo termo “Heróis brasileiros” eu só encontrei textos sobre histórias em quadrinhos e dois textos superficiais. Buscando pelos termos “grandes brasileiros” eu consegui alguns nomes em uma página do Yahoo! Respostas. Só.

Antes, vou apresentar a minha definição de Herói: aquele que, através de seus valores e suas ações acompanhadas por seu grande esforço, habilidade ou conhecimento, causou uma melhora significativa para a sua vida e/ou para as vidas das pessoas a sua volta.

Heróis dos livros

Ao falar em grandes brasileiros, rapidamente vem a mente nomes como Ayrton Senna e Santos Dumont, que realmente foram grandes heróis. Para buscar outros heróis brasileiros podemos olhar os nomes das ruas ou institutos. Já deve ter ouvido falar de Oswaldo Cruz, mas sabe por que ele é um grande brasileiro? Quão bem você conhece Santos Dumont e seus feitos?

Olhando especificamente para o Rio Grande do Sul vem a mente nomes como Bento Gonçalves, Garibaldi (que sequer era brasileiro) ou até mesmo Getúlio Vargas. O Gaúcho, dependendo do seu nível de tradicionalismo, conhece bem suas histórias. Mas estes são raros. Quem sabe me contar uma história em que estas pessoas demonstram seus valores e se provam heróis por suas ações?

(anti-)Heróis contemporâneos

Também estive observando as pessoas que estamos tendo como exemplo agora. O meu critério para isso foi observar as pessoas que são destacadas com regularidade na mídia. Atualmente temos muitos esportistas em destaque, em especial César Cielo e Fabiana Murer. Já tivemos Daiane dos Santos e Ronaldo Fenômeno, além de muitos outros. Isso é bom, mas não é o bastante.

Por outro lado, quem vemos todo o dia na mídia e na nossa conversa diária são exemplos bem diferentes. O papo dos políticos, hoje representado pelo Sarney, que demonstram que a mentira, falsidade e mau-caráter levam a grandes riquezas e impunidades já está cansado e batido, apesar de recorrente. Mas o que realmente me entristece é ver como a mídia enaltece e influencia com péssimos exemplos, que podem ser colocados em três tipos:

1) Coitados que ganham casas ou carros de apresentadores de TV. Muitos são exemplos de alegria e perseverança, mesmo com condições de vida precárias. Porém a mensagem “seja alegre e perseverante que um dia alguém vai te dar uma casa nova e realizar seu sonho” não ajuda ninguém. Uma vida de sofrimento por si só não torna ninguém em herói.

2) Personagens de novela e artistas. Sei que nos identificamos com personagens e por isso gostamos de ver determinada série ou novela, isso é natural. Mas quando passamos a querer ser como determinado personagem porque nos identificamos com ele ou porque ele é popular, a coisa perde o sentido. É como querer mover-se apenas para o lado, ou em círculos. Não há progresso, não é querer tornar-se de fato uma pessoa melhor. Me dói escutar “are-baba” ou “mara”. Acreditar que os artistas são exemplos de sucesso ou dignos de serem seguidos como pessoa é próximo ao absurdo. É fato que a grande maioria é extremamente vazia e problemática. Há exceções, sim, porém dificilmente são essas exceções que as pessoas admiram.

3) O culto ao burro, ao banal e ao vulgar. Um exemplo prático: Pânico na TV. É avassalador ver alguém como o Zina ser cultuado pelas pessoas. É de chorar ver as pessoas rirem de um quadro onde um cara se sujeita ao ridículo pelo prazer de ser ridículo. Eu sou grande fã do humor non-sense, mas por favor, não comparem isso com o non-sense! O Pânico na TV é a estupidez corrente no Brasil jogada na cara. E tem gente que acha que aquilo é o legal.

Os verdadeiros Heróis

Com os valores cultuados hoje em dia, garanto que é ainda mais difícil resisitir para tornar-se um herói. Pois aquele que realmente cultiva bons valores e luta pelo o que acredita ser o certo é visto como a pessoa que está errada. É o diferente.

Por outro lado, não precisa de muito para tornar-se um herói. Não tenho dúvidas de que existem muitos heróis vivendo neste estado e neste país. Mas suas histórias são ignoradas e seus feitos desprezados. Por que não prestamos mais atenção nessas pessoas? Por que não são feitos mais filmes, músicas, livros e documentários sobre esta gente?

Você conhece outros Heróis que são dignos de serem mencionados? Sabe de algum lugar onde essas pessoas são devidamente valorizadas? Coloque nos comentários. Qualquer opinião é bem vinda, eu também adoraria que provassem que estou enganado.

Que tempos!

Estamos acostumados a escutar todos os dias pessoas falarem alguma coisa sobre a crise econômica, a escassez de água, como os computadores vieram resolver problemas que antes não existiam, como a tecnologia nos deixa alienados, e muitas outras reclamações. Sim, vivemos em tempos problemáticos.

Mas assistam a esse vídeo (retirado do Fabrik Project):

Não é incrível essa era em que vivemos? Não se impressiona com o que somos capazes de criar? Muitos podem dizer que essa obra foi um enorme exercício de futilidade, desperdiçando dinheiro, tempo e energia (tanto humana quanto elétrica). Mas eu digo que artistas como esses caras são tão essenciais quanto qualquer engenheiro, médico ou qualquer que seja a nossa profissão.

Graças a manifestações artísticas como essa, podemos ser lembrados de como a vida não é só feita de dinheiro e não devemos gastar nosso tempo e energia apenas em busca de “sucesso”. Muitas vezes a satisfação que precisamos está em apreciar momentos de beleza ou em cria-los.

Como tudo, é apenas uma questão de ponto de vista.

Um palpite sobre o futuro

Ter uma idéia de como será o futuro é uma ótima forma de buscar novos empreendimentos. Antever as necessidades que surgirão é sem dúvida um grande trunfo frente aos competidores. Por isso tenho pensado um pouco sobre isso e arrisco aqui o meu palpite. Acredito que será interessante reler isto daqui 20 anos e ver o que acertei. Essas idéias são um resumo sobre o que tenho lido e visto por aí, com um pouquinho de palpite próprio.

Mundo conectado: o mundo será totalmente conectado, a Internet será um serviço tão básico e essencial quanto água e luz. Não só as pessoas estarão conectadas o tempo todo, os objetos e utensílios do nosso dia-a-dia também, desde as nossas roupas até as lâmpadas de nossas casas. Será essa comunicação entre os objetos que irá mudar significativamente o modo que interagimos com o mundo ao nosso redor.

Interface por contexto: as interfaces homem-computador atuais são um grande empecilho para a difusão da computação ubíqua (também conhecida como pervasiva). Colocando em termos curtos, computação pervasiva refere-se à idéia de que em tudo haverá um computador e será de tal forma que sequer iremos perceber que eles estão lá. Uma forma de amenizar esse problema é fazer com que os dispositivos a nossa volta percebam o contexto e reajam da forma apropriada automaticamente. Isso será permitido justamente por essa interconexão dos diversos dispositivos a nossa volta. Um ótimo exemplo estará em nossas próprias casas e no modo como iremos interagir com elas: ao chegar em casa, as luzes se acenderão automaticamente e ao sentar no sofá e olhar para a TV, ela ligará sozinha; ao deitar-se na cama e fechar os olhos, as janelas se fecharão e as luzes irão se apagar; se você estiver escutando música e o telefone tocar, o volume da música irá diminuir sozinho, para voltar ao volume original no fim da ligação; poderia dizer até que a casa será capaz de detectar um clima entre você e sua namorada, com isso irá diminuir as luzes e trocar a música para uma mais romântica automaticamente.

A pirataria não será mais um problema: a mídia de entretenimento e informação como conhecemos hoje será radicalmente diferente. A pirataria não será mais um problema pois a forma como adquirimos filmes e músicas pela internet de forma pirata será o formato de distribuição padrão. O que irá mudar é a forma como as empresas irão capitalizar essas mídias. A variedade de conteúdo será enorme. Personalização e especialização serão palavras chave.

O fim do computador pessoal: o computador pessoal como conhecemos hoje será praticamente coisa do passado. Os dispositivos serão cada vez mais especializados e conectados, permitindo interfaces muito mais eficientes e distribuídas. A interação com o mundo digital será por interfaces muito mais naturais para nós. Assim como temos TV, som e um player de DVD hoje, teremos um servidor em cada casa. Músicas, filmes, fotos, tudo estará em um servidor central (ou distribuído) e os diferentes dispositivos irão conectar-se a ele e moldar e oferecer o conteúdo da forma que lhe parecer mais apropriado. A computação também fará parte de nossa vestimenta, o que nos permitirá estar 100% do tempo conectado. Lentes de contato que na verdade são displays inteligentes irão finalmente criar a ilusão do holograma e uma espécie de visão biônica, que nos fornece informações em tempo real sobre tudo a nossa, volta será possível.

Tudo é energia: o problema da energia será solucionado com formas de armazenamento muito mais eficientes, que não dependem de processos químicos. Cada movimento do mundo será capturado e transformado em energia: o nosso caminhar, o movimento dos carros, os objetos movidos pelo vento. Toda a energia será reaproveitada, não haverá disperdício. A computação permitirá uma utilizição muito mais eficiente da energia e fará muito mais com muito menos. Energias limpas predominarão e o aquecimento global será controlado.

Enfim, o mundo será muito diferente daqui uns 20 ou 30 anos. Muitos problemas de hoje serão solucionados, outros irão se manter e muitos novos irão surgir. Mas ao contrário das previsões apocalípticas, acredito que o mundo do futuro será um lugar melhor para se viver.

Agora o que fica é a grande questão: o que podemos fazer hoje para tornar essas previsões em realidade amanhã?

Linha guia

Já expliquei no meu primeiro post a importância que vejo em blogar, mas com o que escrevi até aqui, nem mesmo eu me tornaria um leitor assíduo deste blog. Apesar de a quantidade de leitores não ser a minha métrica, o fato de nem mesmo eu me interessar pelo que escrevo revela que não estou agregando muito com minhas publicações.

Meus posts até aqui são um puro reflexo da minha inexperiência nesta área da expressão pessoal, mas também são reflexos do método mais tradicional de aprendizado (ao qual faço uso extensivo): a tentativa e erro.

Pois após errar algumas vezes, aprendi que é preciso ter uma linha diretriz que guie os assuntos que devo publicar, algo que dê ao leitor a espectativa do que irá encontrar neste blog. Isto serve de lição não apenas para o blog, mas para todo o resto das minhas atividades. Quanto mais claro e preciso for a definição dos objetivos, mais fáceis eles serão de ser alcançados.


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